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domingo, 13 de junho de 2010

Camuflagem - 1º ato

Abrem-se as cortinas.
Foco no jogador. Camisa amarela, calção azul. Luz no ambiente, campo de futebol. Fim de jogo.
Luz no jogador. Alto, pele parda, curtos cabelos raspados, e um olhar de decepção. Pensamentos flutuam…

“Poxa… chegar tão longe e nada”

Luz no campo. Festa em vermelho e amarelo. Em amarelo e azul, tristeza. Conturbados 23, tristes outros presentes, traumatizados e neuróticos mais de cem milhões.

Luz e foco no jogador. Thougths are floating…

“Não é possível… não tem como… tanto foi feito por isto, muita coisa deixada de lado, é claro que pensadores já diziam que é condição fundamental ‘deixar coisa de lado para atingir outra maior’. Mesmo assim, mesmo com toda a valorização do esforço, creio que tenhamos valorado de mais o futebol estrangeiro, sem, contudo, valorizá-lo, observá-lo para aprender com ele e tentar superar. Não, não fomos capazes de superá-los, isto é fato. O pior de tudo é o costume do nosso povo, parar um país, todos com a mesma esperança, a mesma cobrança e…”

Luz, sem foco, no campo. Interrupção abrupta. Foco no ambiente. Repórter a caminho, microfone em riste.

“Temos aqui uma pergunta para você, Luis. O que você acha que fez vocês perderem a final deste modo?”

“É! O time jogou unido. Fizemos como o professor mandou. Foi um belo jogo. Parabéns pro adversário e, também, pra nós. Perdemos com classe. Espero estar presente daqui a quatro anos pra trazer o caneco.”

Jogador se vira e caminha junto com os outros jogadores. Rumam à fila para não receber a Copa.
Foco no repórter.

“Bom, esse foi Luis, o nosso grande atacante comentando sobre a derrota desse grande, porém desacreditado, time. Vamos, agora, pro estúdio. É com você Thiago!”

Fecham-se as cortinas. Fim do 1º ato.


In Dubio Pro Bar

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