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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Desrespeito com a democracia


Qualquer dito meu que já sabia não será mera coincidência. Fato é que já sabíamos (ou deveríamos saber) qual seria o resultado desse último domingo nas urnas. Não tinha como o, assim chamado, sucessor de um presidente com 80% de aceitação [bom e ótimo] nas pesquisas (80%do país e eu não conheço nenhum!!) perder. Isso não era possível nem aqui nem na China - aliás, muito menos na China.

Mas, como citado no meu texto anterior, não há perda nenhuma nessa decisão; qualquer uma das [duas] possíveis escolhas seria igual. E com essa escolha a situação do nosso querido e amado Estado Paulista continua a mesma: PSDB em casa, PT fora dela.

Não me digam os de direita - por favor, não é um xingamento, não estou dizendo que são burgueses ou reacionários, eu, inclusive, me considerava "direitista" até certo tempo - que Dilma foi uma escolha ruim por ser do PT, ou por continuar o governo Lula. Lula continuou o governo FHC, por isso deu certo, e realmente deu certo; há falhas, mas falta tempo para atingirmos algo bom, e muito mais - talvez a eternidade - para atingirmos algo perfeito.

Realmente não gostei de Dilma ter sido eleita - utilizei a forma sem artigo, o que parece nordestino falando*, pois não quero quer haja intimidade com este ser nem na escrita -, creio que ela não esteja preparada para tal fardo e não era a melhor opção, sinto muito, mas não era.

O corrente Governo teve força em vários projetos sociais, há quem diga que foi um assistencialismo; de certa maneira foi, mas não foi e é necessário. Espero que o olhar social do próximo, ou de algum próximo, governo seja para melhoria em longo prazo; chega de dar auxílio em forma de esmola e não suprir necessidades por completo. O programa de bolsas é uma falha, não por ser esmola - o que não é -, mas por não propiciar a certeza de um futuro digno.

O que o Brasil realmente precisa é de um presidente que olhe pelo interesse de todos, o chamado "bem público", e não, apenas, para os seus e de seus companheiros, aliados ou coligados. Um presidente que entenda tanto altos grupos, quanto a classe média que almeja ser alta, a classe média emergente, a classe baixa e os "homeless" [pessoas em situação de rua]. Um Governo que faria um molde como o Capitalista para os dois primeiros grupos e Socialista para os outros três.

O primeiro investimento (primeira necessidade) é, de fato, na educação que deve ser feito, ela gera um futuro e presente digno, mas não é somente isso. Como manter com segurança [familiar, inclusive] essa criança na escola, como manter tranquilo o lar e os pais dessa criança que está na escola? O modo de se assegurar um bom empenho na escola, ou seja, um bom resultado dessa melhoria educacional é assegurar que a família tenha estrutura. Para isso ocorrer deve haver alguns pontos, a princípio: 1) os pais devem ter seus empregos garantidos; 2) deve haver moradia cômoda pelo número de pessoas que reside; 3) as crianças tem que ter uma garantia e expectativa de futuro pessoal e profissional; 4) deve haver segurança física para a pessoa, pois não existe possibilidade de tranquilidade com violência.

Não vou, hoje, escrever todas as minhas ideias, até porque não é um Blog o espaço para isso - não em uma linha lógica e direta de raciocínio -, mas sim um livro. O escrito dessas ideias é para um livro, quiçá vários, mas a aplicação deve ser num Governo, num Estado, o brasileiro de preferência, já que é o meu modelo para críticas. Que a aplicação seja feita por outrem antes de ser feita por mim, porque se for comigo cumpadi ...

Fato é que desviei um pouco do foco do meu tema de hoje; reforma política não tinha nada a ver com meu texto, mas saiu por costume, creio eu. O resultado das urnas neste dia das bruxas foi uma expressão democrática do povo, da nação brasileira; algo a ser respeitado.

Entretanto, não ocorreu respeito algum ao final de um resultado matematicamente confirmado, pois logo após o anúncio da vitória da candidata Dilma, do Partido dos Trabalhadores, houve uma avalanche de "tweets" de crítica. Vá! Que a crítica seja bem embasada, visando um apontamento político ou até um apontamento pessoal quanto a candidata, é aceitável. O que ocorreu, contudo, foi deplorável; cada vez que um brasileiro vota, ou vota em um candidato, está concordando com o sistema democrático em que vive, está dizendo um "sim" mais valioso do que o dito frente ao altar.

Logo após o anúncio de que Dilma Roussef seria a primeira mulher presidente do país, iniciou uma grande crise de inconsciência do povo do sul e sudeste do Brasil. Começaram a culpar os nordestinos pela eleição dela, a criticá-los pela origem, como se a inteligência de alguém dependesse da origem; como se a informação só existisse aqui no sul do país, como se só existisse a verdade de uns e não a de outros. A esquerda teve bons argumentos e pontos, assim como a direita, e não venceu por causa de votos de gente estúpida.

Muito pelo contrário, mostra que é estúpido quem pensa do modo como a garota que escreveu que "nordestino não é gente" - e por isso não deveria votar - e que estará ajudando São Paulo "matando um nordestino por dia"; dói ouvir o nome da sua cidade, do seu estado, sendo usado para tal afirmação. O cerceamento de direitos, nos mostra a história, não é o melhor caminho para uma nação, é um retrocesso enorme. Não vou ser hipócrita ao mencionar Hitler como mau exemplo de restrição de direitos, pois já o defendi aqui neste canal, e realmente acho que sem ele a Alemanha não seria nada hoje; e, hoje, seu PIB per capita supera o do gigante chinês (outra crítica: o PIB per capita deveria ser válido na hora de contar o avanço de um país, e não o PIB).

Basta lembrar que as pessoas, se é que são, que defenderam esse tipo de pensamento estão pensando como Fidel, que cerceou direitos e trouxe desgraça para um país que poderia ser o exemplo de prosperidade (e desigualdade) na América Latina; como não tinha mais Cuba, os Estados Unidos procuraram estes tupis portugueses. Pense que se, pra você, o direito de outros são retiráveis, para outros o seu também é; como você se sentiria não sendo detentor de direitos?

In Dubio Pro Bar