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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sonnet s

Tiraste uma dor de mim,

Curastes de modo incrível,

Mostraste o que alegria é,

E, agora, destruístes-me…


A dor é maior,

Mas deixa pra lá,

Sou eu sentindo,

Não ligo.


Se fosses tu, au contraire,

Preferiria morrer,

Sabes bem o que penso…


Fiques bem,

Que de mim

Ninguém cuida.


[Vira pedra,

Tira a alma,

Vive menos,

Mas não sofre;

Vale a pena?

Tudo vale a pena,

Mas já não há alma,

Não há alegria,

Não há sorriso.

Mas algo é certo,

Sem você não vou

Mais que sobreviver.

E em certo verbo não usarei,

Jamais, um final “ei”.]

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Couple

(…)
- And then?
- Well, [with a strong and calm voice] then I’d feel your heat, and you’d feel mine. I’d take your clothes off, and touch every single part of your body. I’d stop kissing you… and start to kiss your neck, then your ears. And you’d feel a great sensation, that couldn’t be compared to another. You’d ask urgently for more, and I’d go slowly from your ears, touching your neck and chest, to your breasts. I’d lick you nipples, and you’d scream in silence for more, and more. I’d kiss your lips, and grab your thighs so strong that you’d stop kissing me and start again, with more desire, if it’d be possible. And that would be the moment that you’d desire, begging for it. And then, we’d get together, and I’d steal some minutes of the best night of your life, only in this line of typing. After this result of a bottle of wine, we’d smoke a cigarette, and only feel our briefs, heat, bodies and heartbeats asking for more times like this.
- And start all over… [kiss]

domingo, 20 de junho de 2010

Camuflagem - 2º ato

Abrem-se as cortinas.

Foco no gramado, atletas ansiosos.

Luz no ambiente. Um bar, uma TV, o gramado emitido por ela. Todos tão nervosos quanto os 22 jogadores no outro continente. Mesas de boteco, como de costume, mas, neste clima, até o ar está pintado de verde e amarelo.

Num canto, um grupo de amigos. Seis rapazes, quatro moças. Foco em dois rapazes.

“Vai! Fala logo, cara, para de ficar frio, todo mundo está esperando a sexta taça!” diz um amigo, enquanto insiste empurrando, lateralmente, o outro com o braço.

“Cara, sério. Não temos a melhor seleção, não tem como batermos a Fúria nesta Copa!” reluta o rapaz, suando frio, mas conseguindo emitir as palavras com naturalidade. Pensamentos flutuam…

“Ai… não tem como, é o melhor futebol do mundo; apostei com lógica nesse pedaço de papel, mas não posso negar, nós vamos ganhar. Taça que é de canário Ibérico não bota a mão. Mas não vou me entregar agora, faz um mês, mais até, que estou dizendo da Fúria, a fúria, melhor do mundo; não posso contradizer-me. Vai ser hipocrisia eu comemorar quando ganharmos?”

Com cara de frustração, o primeiro amigo pensa no segundo; o único tupiniquim indo contra a maré, pelo menos no bar, porque de “traíra” a maré está cheia.

“Cara, sério, se tomarmos um gol e você comemorar, eu vou te bater, então não senta do meu lado”.
Foco no gramado, na TV.
Os amigos não se moveram, pois tocou o Hino após esta fala, e eles simplesmente esqueceram a promessa.

Fecham-se as cortinas. Fim da Cena 1.

Abrem-se as cortinas. Cena 2.

Fim de jogo. Festa em vermelho no campo. Silêncio no bar.

Foco no canto do bar.

Os amigos se entre olham. O pensamento é o mesmo, o sentimento também, tristeza. E relutando contra seus pensamentos, e refutando a verdade são ditos tais verbetes
“Cara, sério, não tem como. Eles jogaram melhor, o time deles é melhor, eles têm meio de campo, essência do jogo. Fora isso, pensa no lado bom, eu levei a bolada e vamos poder gastar a grana juntos!” Insiste, inutilmente, o amigo, mentindo para ambos.

Luz no ambiente.

Tristeza geral, não se podia esperar algo diferente. Uma nação de joelhos ao chão, rendida.

Um grupo sai, quase calado, só é possível ouvir de longe “Verdade, e pensem bem, amanhã será um dia normal, e no fim de semana poderemos gastar a grana que vou ganhar”

O dia seguinte não seria um dia normal, pelo menos não naquele trópico.

Fecham-se as cortinas.
Fim do 2º ato.

In Dubio Pro Bar

domingo, 13 de junho de 2010

Camuflagem - 1º ato

Abrem-se as cortinas.
Foco no jogador. Camisa amarela, calção azul. Luz no ambiente, campo de futebol. Fim de jogo.
Luz no jogador. Alto, pele parda, curtos cabelos raspados, e um olhar de decepção. Pensamentos flutuam…

“Poxa… chegar tão longe e nada”

Luz no campo. Festa em vermelho e amarelo. Em amarelo e azul, tristeza. Conturbados 23, tristes outros presentes, traumatizados e neuróticos mais de cem milhões.

Luz e foco no jogador. Thougths are floating…

“Não é possível… não tem como… tanto foi feito por isto, muita coisa deixada de lado, é claro que pensadores já diziam que é condição fundamental ‘deixar coisa de lado para atingir outra maior’. Mesmo assim, mesmo com toda a valorização do esforço, creio que tenhamos valorado de mais o futebol estrangeiro, sem, contudo, valorizá-lo, observá-lo para aprender com ele e tentar superar. Não, não fomos capazes de superá-los, isto é fato. O pior de tudo é o costume do nosso povo, parar um país, todos com a mesma esperança, a mesma cobrança e…”

Luz, sem foco, no campo. Interrupção abrupta. Foco no ambiente. Repórter a caminho, microfone em riste.

“Temos aqui uma pergunta para você, Luis. O que você acha que fez vocês perderem a final deste modo?”

“É! O time jogou unido. Fizemos como o professor mandou. Foi um belo jogo. Parabéns pro adversário e, também, pra nós. Perdemos com classe. Espero estar presente daqui a quatro anos pra trazer o caneco.”

Jogador se vira e caminha junto com os outros jogadores. Rumam à fila para não receber a Copa.
Foco no repórter.

“Bom, esse foi Luis, o nosso grande atacante comentando sobre a derrota desse grande, porém desacreditado, time. Vamos, agora, pro estúdio. É com você Thiago!”

Fecham-se as cortinas. Fim do 1º ato.


In Dubio Pro Bar